Para a sociologia, estamos vivendo a pós-modernidade. Nesse contexto estão inseridas, a eficiência, a produtividade, o desempenho e a competitividade. O mercado é dinâmico, precisamos acompanhar as mudanças tecnológicas frequentemente. O que é novo, é novo por tempo limitado. E nosso corpo, como está reagindo a tudo isso? Estamos conseguindo acompanhar essas mudanças?
É por isso que o conceito de “Sociedade Líquida” proposto pelo sociólogo Zygmunt Bauman, é um tema tão relevante, pois descreve a fluidez das relações sociais como líquidas, isto é, a busca pelas soluções rápidas, a pressão pelo sucesso imediato, a imagem de perfeição sem passar por uma análise mais profunda de si mesmo, sem uma investigação das camadas mais inconscientes da mente. Isso gera incertezas e instabilidade emocional, podendo vir a desestruturar nossas relações interpessoais.
Pode parecer estranho, mas as FRUSTRAÇÕES são as melhores oportunidades de crescimento. Porém, dentro da nossa sociedade líquida, quem quer perder tempo procurando enxergar a si mesmo dentro da clínica? Afinal, isso demanda tempo e dinheiro…
Por isso, vou contar um depoimento que ouvi essa semana, que me tocou muito:
“Quando eu era criança, na minha escola, ouvi da minha professora que era muito lenta, que demorava demais para executar as tarefas em sala de aula. Em uma reunião de pais, essa professora não demorou em esclarecer à minha família que eu não conseguia acompanhar a turma, que tinha um atraso em relação às outras crianças. Passei a vida me depreciando, achando que sempre ficaria atrás de todos, que não ia conseguir. Mas foi através da terapia que eu tive um grande esclarecimento. Eu realmente era mais lenta para fazer as tarefas, mas era porque eu queria fazer tudo muito bem feito. Eu sempre fui detalhista, queria dar o meu melhor, queria fazer tudo no capricho. E assim, eu transformei uma frustração. Hoje, no meu trabalho e na minha casa, eu procuro não só preencher a lacuna da agilidade que me faltava, mas dou mais valor ao que faço pois faço com dedicação e com amor”.
É muito gratificante perceber que ainda existem pessoas que não estão só pensando na sua imagem perfeita, narcísica, mas que estão abertas a outras formas de enxergar suas próprias deficiências com amor próprio. É necessário um certo nível de narcisismo, mas no sentido de autoestima, de uma maneira saudável.