A histeria teve uma importância muito grande na trilha profissional de Freud. Foi através de sua atração pelo trabalho de Jean Martin Charcot, médico e cientista francês, e sua técnica da hipnose, que aguçou sua curiosidade. Na época de Freud, a histeria era um termo usado para descrever uma variedade de sintomas físicos sem causa orgânica aparente, como paralisias, cegueira, surdez, convulsões e problemas respiratórios, que não podiam ser explicados por lesões ou doenças conhecidas.
O termo histeria vem do grego “hystera” que significa útero pois acreditava-se que era um tipo de doença física acometida apenas por mulheres. Posteriormente, já no século XIX, descobriu-se que a histeria é a consequência de ideias insuportáveis reprimidas, que desencadeiam um desarranjo emocional por não exteriorizar essas emoções. Os sintomas provocados eram por exemplo, espasmos, perda da fala, visão, entre outros. Descobriu-se que a doença também poderia se desenvolver no sexo masculino.
Charcot, utilizando-se da técnica da hipnose nos seus pacientes, os mesmos não apresentavam mais sintomas. Porém, após o término da prática da hipnose, os pacientes retornavam a apresentar os sintomas, fazendo com que esse método não prosseguisse como tratamento efetivo para a doença. Porém, sua prática teve uma importância fundamental para que Freud concluísse que essa doença não era biológica nem mecânica, então aproximou-se dos pacientes com o olhar mais afetivo e investigativo, iniciando o processo da sua teoria.
Com base nessa compreensão, Freud desenvolveu a técnica da catarse, que envolvia encorajar os pacientes a expressar livremente seus pensamentos e sentimentos reprimidos. Ele também desenvolveu a técnica da associação livre, na qual os pacientes diziam qualquer coisa que viesse à mente sem censura, o que poderia revelar conteúdos inconscientes.
A partir de seus estudos sobre a histeria, Freud desenvolveu muitas das ideias fundamentais da psicanálise, incluindo a importância do inconsciente, a teoria dos mecanismos de defesa e a ideia de que os sintomas são expressões simbólicas de conflitos internos. Assim, a histeria desempenhou um papel crucial no desenvolvimento da teoria psicanalítica e na prática clínica de Freud.